Porquê "Ariel- Mergulha nos teus sonhos"?
- mergulhanosteusson
- 27 de abr. de 2023
- 3 min de leitura
Atualizado: 8 de mai. de 2023
Para quem produz espetáculos há tantos anos, ás vezes é difícil não pensar que se está sempre a produzir espetáculos no mesmo registo e questionar se se está a mostrar algum tipo de evolução ao longo dos anos. Por outro lado, depois de tanta produção e atuação tudo parece aborrecido.
Há, principalmente, dois formatos de espetáculo que poderíamos produzir: um espetáculo de quadras, baseado em apresentações de coreografias e outros trabalhos produzidos, ou contar uma história, com início meio e fim onde todos os alunos e professores estão envolvidos no mesmo projeto. O primeiro é mais fácil. Desde a escolha de músicas para coreografar ao alinhamento, dos figurinos à parte criativa, dos ensaios aos adereços. E não é desinteressante, já foram feitos espetáculos assim muito bons. No entanto, ao longo dos anos fomos percebendo que as pessoas ficam mais investidas numa história e faz sentido que assim seja. A ligação de uma história do início ao fim, a interação entre as diferentes turmas, a vontade de saber o que vai acontecer a seguir… E quando é uma história que as pessoas já conhecem estas ficam mais entusiasmadas. É no entanto muito mais desafiante. Primeiro por causa da história em si: não temos efeitos especiais- não temos uma pessoa que consegue sair de uma lâmpada para contarmos a história do Aladdin, ou um cavalo voador e monstros gigantes para contar a história do Hércules, ou uma Bruxa Má que se transforma em dragão para contarmos a história da Bela Adormecida. Recorremos muito à imaginação da plateia, as histórias que estamos a contar acabam quase sempre por ter de ser adaptadas e o público acaba sempre por comparar com a história original. Depois temos os figurinos que obviamente são comparados com os originais e como temos personagens específicas para representar, queremos que estejam o mais semelhante possível e adequado ao papel.
Outro desafio é o alinhamento, temos de contar a história na ordem certa mas também temos alunos que fazem várias modalidades e não podem dançar duas coreografias seguidas se tiverem uma troca de roupa pelo meio. É como fazer um puzzle, tentar encaixar as peças todas para no fim fazer a imagem que está na caixa. Depois temos os ensaios: juntar toda a escola parece quase impossível! E continua: as músicas tem de estar dentro do tema, as coreografias também têm de ser cuidadosamente pensadas para encaixar na história, temos de arranjar cenário ou alternativas ao cenário para o público conseguir perceber onde é que a cena se está a passar, temos de cortar ou criar personagens novas, arranjar mais adereços, etc., etc.
Porque é que fazemos isto tudo então? Acho que toda a equipa pensa em desistir uma ou duas vezes ao longo da produção, mas no momento em começamos a ver que tudo faz sentido, que todo o trabalho está a mostrar frutos, no momento em que abrimos a cortina e tudo flui… A sensação no final de que tudo valeu a pena, que os alunos gostaram, que o público gostou, a sensação de dever cumprido é estranhamente calorosa e satisfatória.
E então cá estamos. Dá mais trabalho, mas a magia é outra, o resultado é outro. Queremos tentar ir mais longe, evoluir, contar as nossas histórias. Fazemos "Ariel - Mergulha nos teus sonhos" porque queremos contar uma história (a nossa versão, no entanto, avisamos desde já que é uma adaptação d'A Pequena Sereia mas não uma cópia original). Se é uma história que nunca foi contada? Não, obviamente que uma história tão conhecida como A Pequena Sereia já foi adaptada imensas vezes. Se vale a pena? Ó se vale!
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